O avanço da tecnologia faz-nos ter acesso à informação cada vez mais rápido, exigindo que as empresas neste setor se mantenham atualizadas e acompanhem os avanços do mercado.  Agora, mais do que nunca, os profissionais de Recursos Humanos precisam de ter um conhecimento completo e aprofundado das principais competências da organização para que possam contratar funcionários que se encaixem perfeitamente nos requisitos da função e na cultura da empresa.

O crescente peso da Transformação Digital, dentro das organizações, e o compromisso com o rápido desenvolvimento tecnológico, implica uma série de desafios para os líderes: o recrutamento em TI e o processo de atração e retenção de talentos são alguns deles, e talvez sejam dos mais difíceis de ultrapassar. De forma a superar estes mesmos desafios é necessário entender as dificuldades da área, planear soluções e tomar decisões assertivas para conseguir algum destaque num mercado deveras competitivo.

Recrutar profissionais que se encaixem perfeitamente nas organizações, tanto a nível técnico como a nível de cultura organizacional, nunca foi tarefa fácil, em particular no setor de TI. Nos dias que decorrem os Recruiters ou Headhunters não se podem limitar à publicação de vagas nas principais plataformas de empregos. O sucesso de encontrar bons candidatos também se deve a um conhecimento de empresas concorrentes (onde podemos fazer a nossa pesquisa) assim como atrair e gerenciar uma comunicação perfeita com estes mesmos candidatos. 

Mas mesmo assim porque é tão difícil encontrar o candidato? Há 3 principais causas apontadas pelos profissionais: carência de formação superior atualizada com as tecnologias modernas, profissionais pouco resilientes para enfrentar uma área competitiva e sobrecarregada em stress e excesso de trabalho e empresas que voltam a um regime de trabalho que só possibilita recrutar profissionais em grandes cidades, como Lisboa e Porto. Por consequente, a falta de sucesso nos processos de recrutamento leva a que muitas equipas hoje em dia acabam por estar com falta de elementos para executar as tarefas, sobrecarregando os que nelas se encontram. A exigência do mercado mantém-se e agora com profissionais desmotivados porque têm que dar mais de si. Ora, se um dos problemas desta área também é o excesso de oportunidades existentes, é bastante provável que esse profissional sobrecarregado procure melhorar a sua condição e se vá embora. Em vez de se arranjar uma solução, fortalecemos o problema criando um ciclo vicioso. 

Outro grande desafio da área é a competição pelos profissionais mais experientes e/ou com melhor formação. No entanto são também estes que procuram empresas que dão o melhor suporte, acompanhamento e desenvolvimento da carreira, solicitando constantes atualizações e progressos profissionais.  

Destacar também que o tempo não joga a nosso favor. Não joga a favor dos profissionais de TI, das empresas e dos Recruiters. Devido à excelente progressão e perspetivas de crescimento apresentadas neste mercado, a área de TI é uma área bastante procurada, existindo cada vez mais procura de profissionais que querem mudar de carreira. No entanto, devido à falta de tempo, as oportunidades para os mais juniores são poucas.

Mas todas as histórias têm dois lados e há que ter em conta também as dificuldades que o profissional de TI enfrenta atualmente em Portugal, nomeadamente a demora de um processo de recrutamento e número de etapas de validação até à consideração final, assim como as propostas salariais apresentadas que acabam por ser inferiores à média Europeia. Estes são fatores que levam muitos a tomar a decisão de ir para fora.

Identificados os principais problemas do mercado, podemos focar a atenção nas estratégias possíveis para cada uma delas, salientando mais uma vez que é a realidade no mercado Português, podendo não ser aplicado a outros mercados. 

Para a falta de profissionais altamente qualificados, é necessário um reforço da formação e reavaliação das competências: o acesso a programas de upskilling e reskilling é muito valorizado pelos profissionais, dada a constante transformação do mercado. 

A flexibilidade no regime de trabalho também é importante. Conciliando tudo o que já falámos a um aumento da inflação e custo de vida em Portugal no decorrente ano, as pessoas procuram sair das grandes cidades. 

De forma a integrar todos naquilo que é o processo de retenção é importante que toda a equipa tenha responsabilidades  neste mesmo processo e não apenas a equipa de RH. Manter uma comunicação aberta entre profissionais de equipas diferentes, orientar os mais seniores para academias e processos de formação, e não menos importante, ouvir o que os pares têm a dizer. Vestir a camisola deve ser do início ao fim.

Manter uma comunicação aberta é essencial! As empresas devem preocupar-se em orientar os consultores e em comunicar os objetivos do projeto e da empresa de forma clara e transparente, ajudando os profissionais a contribuírem mais rapidamente para o sucesso da organização.

Em suma, o mercado de TI em Portugal ainda não está preparado para a era da Transformação Digital. Ainda há estratégias a definir e mais importante do que falar no assunto, é mesmo implementar.  Devemo-nos focar em qualificar mais profissionais e dar oportunidade de aprendizagem aos demais.